Corp/o Cartografia ou TRANSgressão na Educação?

–TR4NSgressão_Glitch nº 4, V. Vihen (glitch art digital), 2015.

 –TR4NSgressão_Glitch nº 2, V. Vihen (glitch art digital), 2015.

 –TR4NSgressão_Glitch nº 9 , V. Vihen (glitch art digital), 2015.

Um corpo trans desafiando as normas de gênero e se expressando através da arte, da performance e de suas performatizações cotidianas se expande e multiplica-se, vindo a ser mais que uma materialidade dada, mas, também, algo que se sufoca e se amarra. Corpo estranho em um mundo estranho e que encontra voz e expressão através da estética do erro, da glitch art e da Teoria Queer. Por meio das formas erráticas esse corpo encontra modos de afirmação, que se desdobram no texto que aqui se apresenta e que resulta de uma jornada de reflexão e transformação social, que teve início a partir da experiência individual da performance multimídia intitulada “TRANSgressão”. Trata, ainda, de uma escrita conjunta que é fruto de uma colaboração que valoriza a singularidade de cada voz e a multiplicidade de perspectivas.

[…] retomam-se experiências artísticas enquanto linguagens e expressões dissonantes, ações de resistência estética e política que vêm fazendo uso da arte da performance para potencializar digressões, convocar pautas, evocar movimentos e intensidades que se expressam como múltiplas formas de TRANSgressão. (VIHEN; CUNHA, 2022, p. 703)

A expressão de um corpo trans, buscada desde as primeiras experimentações dessa performance, vem assumindo o embaralhamento dos códigos, o deslocamento dos gestos, a montagem da presença, a ocupação de territórios e o manuseio da instantaneidade do tempo como formas erráticas de expressar as possibilidades vivíveis de uma linguagem estética que se mostra potente para suscitar debates e discussões.

Apresentação do TRANSgressão no Festival Conexão Dança 2017, com participação de Doroti Martz e Thayliana Leite; espaço Chão, São Luís/MA, 2017.

Este é o corpo que investigamos em nosso artigo “Corp/o cartografia em TRANSgressão: educação por ruídos na produção de um corpo de gênero performativo”. Utilizando a Glitch Art e a Teoria Queer para criar um Corpo sem Órgãos (CsO) que desafia as normas e provoca mudanças, o corpo apresentado assume o erro enquanto potencialidade estética, assim como possibilidade e prática existencial. Dessa forma, o erro emerge e clama por atenção, tanto na multiplicidade artística que a performance envolve (artes digitais corrompidas e sonoridades glitch), quanto no próprio corpo que justifica e reitera sua condição existencial preestabelecida por uma sociedade hegemonicamente cisheterocentrada – equívoco social, erro de criação, erro genético -, para então questionar as perspectivas que normatizam e normalizam os corpos.

“De certo modo o termo glitch sempre esteve associado à definição de um problema” (MORADI, 2004, p. 9, tradução nossa). Do mesmo modo, o queer apropria-se de tudo que socialmente é considerado imoral, desviante, transgressor, indefinível no que refere a padrões de gênero. (VIHEN; CUNHA, 2022, p. 712)

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GLITCH != ERRO ((404}) > != não é igual a < 

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A reflexão que propomos aqui é uma forma de, através do corpo trans e de seu embate com os padrões de gênero e sexualidade, questionar as normas e expandir as possibilidades de existência e expressão. Nessa intersecção entre arte, teoria queer e performatividade, abordamos não apenas questões de gênero e sexualidade, mas também de estética, tempo, espaço, e tecnologia num processo corp/o cartográfico que mapeia rastros e marcas da performance “TRANSgressão”. Desse modo, procuramos contribuir para uma compreensão mais ampla e complexa das corporeidades dissidentes de gêneros e sexualidades e suas interações com o mundo ao seu redor.

Para continuar essa jornada, convidamos a ler nosso artigo completo, “Corp/o cartografia em TRANSgressão: educação por ruídos na produção de um corpo de gênero performativo”, publicado na revista Desenredo do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo. Nele, trabalhamos ideias que se desdobram de uma experiência que foi brevemente abordada por aqui, de uma maneira mais sutil e detalhada. Acreditamos que o trabalho pode constituir uma fonte valiosa de insight e inspiração para quem se interessa pelas discussões de gêneros, sexualidades, arte e teoria queer. Ao embarcar nessa jornada conosco, esperamos que você possa questionar, refletir e explorar as muitas formas em que os corpos podem existir e se expressar em nosso mundo.

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Glitch = = inesperado ( ERROR 500) > = = é igual a <

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outras referências

MORADI, Iman. Glitch Aesthetics. 2004. 84 f. Dissertação (Bacharel em Multimedia Design) – School of Design Technology, The University of Huddersfield, Huddersfield, Inglaterra, 2004.

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