SOBRE NÓS

O grupo Rizoma, composto por estudantes de graduação, pesquisadores da iniciação cientifica, do Pós-graduação em Educação e por professores que trabalham com a arte educação e com a produção cultural, é coordenado por Cláudia Madruga Cunha. Esse coletivo tem se constituído por pesquisadores iniciais e avançados, que no estudo de temas ligadas a arte, corpo e estética na educação, busca não se limitar à pesquisa qualitativa, embora possua afinidades com esse estilo investigativo. A perspectiva qualitativa em sua leitura de mundo privilegia a linguagem, maneja com categorias, definições e padronizações que se apoiam na linguagem, mantendo liames com padrões universalistas e formas de catalogação do real que se alinham aos princípios estruturalistas.

O Rizoma conforme o descrevem, Gilles Deleuze e Felix Guattari (1995), no Mil Platôs 1, possui uma dinâmica investigativa contra a arborescência, mostra-se contra a ideia ou noção de que há uma história majoritária do conhecimento e do pensamento que dá base a todos os outros entendimentos que dela derivam. O Rizoma como procedimento de pesquisa é orgânico e multifacetado, sugere uma estética da pesquisa que tende a se desenhar como um diagrama de bordas livres. Fazer rizoma é sempre por vir, movimento, processo, produção de sentido. Logo, é problematizar e propor novos saberes, por meio de experimentos que se desenham em linhas ou limiares sobrepostos, o que implica em um esboço ramificado e sem centro. Tal esboço encontra na relação prática (realidade vivida) e teoria um começo que nunca está dado, pesquisar de modo rizomático é propor um olhar sobre o presente, o que conduz a uma análise espacial (geográfica/geofilosófica) da realidade, não linear e dinâmica, algo que que manobra o tempo como dobragem, entre o que já foi e o que está sendo e o por vir. Disposta a analisar multiplicidades, não implica em uma linha apenas ou um único horizonte sobre o qual se possa repousar com tranquilidade, ancorar uma dada perspectiva e sobre esta alinhar uma produção de conhecimento. O horizonte rizomático é um folhado, múltiplo, composto por linhas sobrepostas e tramadas, linhas que compõem um saber sobre temporário. 

A pesquisa rizoma se faz na mirada dos limiares possíveis, busca resultados que procedem da conexão de suas linhas limites, bordas, devires, dos arranjos que formou agregando elementos díspares. A pergunta que fica é: como uma pesquisa rizoma toma-se o esboço do múltiplo? Como reúne elementos sem um centro, como ela congrega situações sem sujeitos ou com sujeitos esquizo, nômades, marginais, larvares, indivíduos que transitam nas instituições universitárias e escolares, operam práticas de ensino e educação em diversos ambientes, escolas e fora delas, nos centros culturais, nas urbanidades, nos centros urbanos, no campo e nas periféricas das cidades; 

Ou como se estabelecem os elos entre elementos díspares e os ramificamos em um esboço metodológico? 

EXPERIMENTANDO OS ENCONTROS!

A forma do rizoma é disforme, em certo sentido, toma a forma que a/o/e pesquisadora/r/e rizomática/o/e ou cartógrafa/o/e vier a lhe dar. Trata-se de uma prática de pesquisar que começa com o desenho mínimo de uma linha, um horizonte posto, uma perspectiva, porque não se reduz a um contexto. Mas é sempre do meio que está sendo percebido vivido, que se delineia um primeiro solo, de início horizontalizado, que irá se tornar múltiplo e laminado, aos poucos, percebido como composto por camadas ou platôs. As sobreposições de pontos vista sobre um mesmo plano/mundo possível, vão se revelando no acesso a composição de uma imanência. A/o/e pesquisadora/r/e rizomática/o/e ou cartógrafa/o/e, dizendo de outro modo, se percebe entre o que percebe, desdobra e costura tendências de pensamento e visões de mundo, acompanha práticas, rotinas e situações vivíveis, seleciona planos visíveis e invisíveis. Por fim, pode intuir a variação de elementos que irão compor o que se chama de momentos do presente, que quer problematizar e encaminhar outros saberes possíveis.   

A/o/e pesquisadora/r/e rizomática/o/e ou cartógrafa/o/e ao pisar o solo da terra, convoca-se um vivente entre outros seres viventes, humanos e não humanos. O mundo que visualiza revela o modo como conduz sua presença nele, convoca-o a estar atento as representações, as significações e as subjetivações impostas, estratificadas. Por meio do nosso corpo diagnosticamos o mundo, o corpo é um Rizoma, uma mirada, um lugar/tempo sempre em movimento. A/o/e pesquisadora/r/e rizomática/o/e ou cartógrafa/o/e ao tomar a se mesmo como uma multiplicidade, convoca esboços e recortes para compor o desenho do mapa, um plano de imanência para seu tema de pesquisa, um construto possível para alinhar camadas e sobreposições que formam a composição da pesquisa. 

O rizoma é antiestutrura;

 o estruturalismo diz que só há estrutura daquilo que é linguagem, nem que seja uma linguagem esotérica ou mesmo não-verbal; que só há estrutura do inconsciente na medida em que o inconsciente fala e é linguagem; que só há estrutura dos corpos à medida que se julga que os corpos falam com uma linguagem que é a dos sintomas; entende, enfim, que as próprias coisas só têm estrutura à medida que mantém um discurso silencioso, que é a linguagem dos signos.

[…]como fazem os estruturalistas para reconhecerem uma linguagem em alguma coisa, a linguagem própria a um domínio? os estruturalistas criam critérios formais de reconhecimento[…], qualquer que seja a diversidade de seus trabalhos e projetos. (DELEUZE, 2010).

Uma pesquisa rizoma não ignora a linguagem, a cultura e a produção de subjetividades, apenas não deseja se limitar a estas instâncias. 

OBJETIVOS DO GRUPO

Localizar e acolher percepções, ações, expressões de outros modos de vida, o diferente, o diferenciado e o heterogêneo; as ramificações e as margens que movimentam saberes, poderes, formas de organização fragmentárias, micro formações de grupos, indivíduos, intensidades coletivas e intensidades singulares, elementos que circulam em dados espaços partilhados (social, político, econômico e cultural).

Produzir conhecimentos ousando experimentações com a pesquisa rizoma e a cartografia;

Entender e perceber que a relação tema, problema e produção de conhecimento, enquanto tríade mutante e prática inventiva e interventiva, refere a um agir sobre uma realidade fragmentária, múltipla, desconexa, que visa uma reinvenção do concreto quando traceja  mapas rizomáticos que se mostram esteticamente abertos, conectáveis em relação a “n-1” dimensões,entendendo-as desmontáveis, reversíveis, suscetíveis  de  receber  modificações constantemente vindas de realidades, infra e intra subjetivas e concretas. 

PROJETO DE PESQUISA

Pesquisa rizoma: cartografias das cartografias
e do sentido em educação, arte e cultura

Trata-se de um projeto que pretende especular sobre os usos possíveis do método rizomático e da cartografia, pensando como ambos podem ser articulados como procedimentos metodológicos nas pesquisas em educação, arte e cultura. Traz a pesquisa rizoma e a cartografia enquanto conceitos e procedimentos metodológicos deleuzianos-guattarianos, que favorecem pensar as diferenças, multiplicidades e singularidades, no objetivo de entender como esta pesquisa, com sua estética pós-estruturalista toma diferentes formas, quando desenha mapas, diagramas, propõem linhas, movimentos e vetores, entre outros traços sutis e mínimos, na composição de uma teoria da expressão e dos agenciamentos (rizoma); visa inventar, inventariar e experimentar com este processo metodológico, com isso, dá atenção a sobreposição de realidades objetivas e subjetivas e convoca outros elementos para o processo investigativo. A pesquisa rizoma e a cartografia são ponto de partida e de chegada, uma vez não só se pretende utilizá-las como metodologias na orientação de outros projetos que se agreguem a este, mas,  também, são meios de observar outros usos destes métodos em diferentes produções de conhecimento, criações com a pesquisa que visam fugir de se tornar simples representação ou recognição de uma realidade já dada.

PROJETO DE EXTENSÃO

Experimentações com o Rizoma: cartografar,
pensar, criar um corpo intensivo

Pretende oportunizar um espaço de debate sobre o corpo, como esse vem sendo educado e preparado para atuar com diferentes linguagens artísticas. Almeja o arranjo de uma zona de interseção múltipla para fins de promover trocas de olhares, percepções, conhecimentos, conceitos, técnicas, práticas, saberes transversais que vem sendo monopolizados numa educação para um “corpo intensivo”, corpo que se expressas nas artes cênicas, performance, dança e música. Das atividades: organiza encontros, e, oficinas, cursos de extensão para problematizar o corpo intensivo; visa sensibilizar a vivência desse corpo em práticas intensivas; propor ações para o fortalecimento dos múltiplos saberes e práticas disponíveis e em diálogo entre teatralidades, performatividades, práticas dançantes e ressonantes, as que evocam formas de resistência do corpo e das culturas. 

Em resumo, quer oportunizar aproximações e vizinhanças, romper fronteiras entre os que pesquisam e os que criam outras linguagens corpóreas nas suas atividades artísticas e culturais; quem sabe borrar as linhas entre o saber e o fazer na tendência de propiciar ressonâncias e outras proliferações intensivas entre as esferas da educação (ciência), da arte (criação) e do corpo (território intensivo). 

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